O Fluxo de Caixa é uma ferramenta utilizada para organizar e projetar entradas e saídas de recursos financeiros de uma empresa por determinado período, como mensalmente. Sua utilização pode tornar uma gestão mais segura e eficaz, protegendo o negócio de surpresas desagradáveis, que poderiam em casos extremos levar a uma falência.
De fácil elaboração para quem mantém os controles financeiros sempre organizados, o Fluxo de Caixa pode servir de base para tomadas de decisões de gestores, o que gera mais credibilidade aos olhos dos fornecedores e clientes. Investidores se sentem mais seguros ao aplicar seu dinheiro em uma empresa com o Fluxo de Caixa detalhado e realista.
Basicamente, em uma planilha de Fluxo de Caixa deve constar saldo inicial, o quanto há a receber e pagar durante o período estipulado e o saldo previsto ao fim deste. São dados conhecidos e projetados.
Por exemplo: se a empresa atingir uma maturidade a ponto de realizar um Fluxo de Caixa diário, o gestor perceberá momentos em que há um acúmulo de dívidas a pagar, algo como entre dias 10 e 15 vencerem boletos, faturas de cartão, contas de água, energia, telefone e internet. Com essa observação, naturalmente poderá ser trabalhado e negociado que as próximas aquisições tenham vencimento para outra data ou promover um reescalonamento nos dias de vencimento de custos básicos.
Quebrar vendendo bem: como é possível?
Em uma situação hipotética, Antônio inventa uma pá de lixo revolucionária, daquelas que qualquer ser humano sonha em ter um dia. Sem deixar qualquer resto de sujeira e com cabo inquebrável, é de se motivar a qualquer pessoa a fazer faxina.
A matéria-prima é importada. As técnicas utilizadas na fabricação são “segredo de Estado”, como a fórmula do xarope de um refrigerante produzido e consumido em todo Planeta.
Antônio, então, tem tudo para prosperar em seu ramo. Os melhores fornecedores, os melhores materiais, uma grande demanda consumidora e, ainda assim, vende o produto a preço com lucro baixo, esse último com a justificativa de que todos pudessem comprar e que aquilo não passava de uma pá de lixo (como assim? Antônio não dava o devido valor ao seu produto).
As vendas explodem. Filas de donas e donos de casa para ter acesso à pá de lixo do momento. Um sonho para qualquer empreendedor.
O estoque de matéria-prima não atende, é necessário pedir reposição aos fornecedores com frequência. Os clientes, com a comodidade do pagamento parcelado no cartão de crédito, compram mais unidades e aproveitam para presentear os familiares, pagando a prazo. E ainda tem a opção de “pendurar”, já que Antônio mora em um bairro antigo, de vizinhança tradicional.
E Antônio, mesmo com tanta demanda e sucesso de vendas, quebrou. Por quê?
Bom, Antônio não fazia seu Fluxo de Caixa, pensava que isso era coisa de empresa grande, não um empreendimento localizado no quintal de sua casa.
Sem o Fluxo de Caixa, não conseguia planejar a parte financeira de seu negócio. Para ele, o importante era comprar matéria-prima e vender.
Ao verificar entradas e saídas de dinheiro, foi constatado que:
- Os fornecedores recebiam somente à vista;
- As matérias-primas não eram adquiridas em grande quantidade, o que as encareciam;
- Não comprando em grande quantidade E sem o Fluxo de Caixa, era inimaginável negociar preço e prazo;
- Os clientes pagavam geralmente em cartão de crédito ou “penduravam”, o que fazia que seus produtos demorassem a ser quitados;
- Houve, então um desequilíbrio entre custos e receitas.
Como o Fluxo de Caixa evitaria isso?
Se Antônio tivesse um Fluxo de Caixa, projetando pagamentos e recebimentos, não teria ocorrido essa quebra de ficar sem dinheiro mesmo com uma quantia razoável a receber.
Como os produtos de Antônio, as pás de lixo revolucionárias, possuem uma grande demanda, a falta de dinheiro para comprar matérias-primas é uma tragédia. Deixa de vender, gera frustração ao cliente e os custos como água, energia, telefone, impostos e outros permanecem ali, vendendo ou não.
Com o Fluxo de Caixa, Antônio saberia que em determinado momento as despesas superariam a receita e a partir dessa informação criaria uma maneira de alavancar a captação de recursos financeiros. Incentivo a pagamento em dinheiro seria uma forma de conseguir recuperar o investimento e obter o lucro imediatamente, potencializando seu poder de compras.
Ainda com o Fluxo de Caixa, o empreendedor saberia a periodicidade de reposição de estoque, tendo uma ideia clara do quanto de matérias-primas utiliza por período, podendo comprar mais em intervalos maiores. E, como já citado, mais compras podem reduzir valor final, como despesas com frete ou até descontos. Negociar prazos também se torna possível, dando a oportunidade de equalizar as contas e seguir com o seu negócio.
Nesse caso, citamos o senhor Antônio, que mesmo em um negócio simples e particular, se não individual, a falta de Fluxo de Caixa pode acarretar o fim de um sonho com uma realidade difícil.
Imagine uma grande empresa que emprega centenas ou milhares de pessoas e atende consumidores em várias localidades? Uma potência que pode se coloca em risco por falta de uma ferramenta simples e útil.
O que o Sebrae diz?
De acordo com o Sebrae, “com as informações do Fluxo de Caixa, o empresário pode elaborar a Estrutura Gerencial de Resultados, a Análise de Sensibilidade, calcular a Rentabilidade, a Lucratividade, o Ponto de Equilíbrio e o Prazo de retorno do investimento”.
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