A cada dia percebemos o quanto o empreendedorismo está em alta não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Em nosso país temos a taxa mais alta dos últimos 14 anos: 40% dos brasileiros adultos tem seu próprio negócio.
A desigualdade entre gêneros no mundo dos negócios existe, apesar de aos poucos estar mudando. Das 1826 pessoas mais ricas do planeta, apenas 11% são mulheres.
Apesar de uma pesquisa do Sebrae revelar que nos últimos dez anos o empreendedorismo feito por mulheres cresceu 21,4% (enquanto homens atuando cresceu 9,8%), elas ainda são minoria. De acordo com uma pesquisa da Serasa Experian, existem 5 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, ou seja, 8% da população feminina.
Os números vêm crescendo porque diversos fatores estão contribuindo. Aos poucos, desmistifica-se este universo e as mulheres passam a buscar seus direitos e repensar suas carreiras. Mas o “segredo” válido para homens ou mulheres na hora de empreender ainda é o mesmo: é preciso parar de apenas sonhar e começar a tirar ideias do papel e, além disso, existir algum tipo de planejamento e noção sobre como administrar um negócio. Em abril de 2015 foram realizados 161 pedidos de falência em todo o país, o que significa uma alta de 15% em relação ao mês anterior. Destes, 85 são referentes a micro e pequenas empresas e dentre os motivos mais frequentes pelo insucesso do negócio estão a elevação contínua das taxas de juros de empréstimos, que são cada vez mais altas, pela alta do dólar, da energia elétrica, combustível, entre outros, que acabam por prejudicar a saúde financeiras destes novos negócios, principalmente daqueles que nasceram sem nenhum tipo de planejamento.
Até mesmo no Vale do Silício, conhecido internacionalmente como o celeiro de startups, o ambiente que ainda predomina é o masculino. De acordo com um estudo publicado pela Fenwick & West, chamado Gender Diversity in Silicon Valley, mulheres representam apenas 11% dos executivos das 150 maiores empresas de tecnologia da região. Por lá, elas somam 10% dos diretores e 10% dos membros de conselhos apenas.
Apesar deste cenário tímido, a boa notícia é que as mulheres tem elevado a escolaridade do empreendedorismo brasileiro, mais da metade das donas de pequenos negócios possuem ao menos o ensino médio completo, de acordo com o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). De acordo com a publicação, as mulheres empresárias também procuram mais o curso superior e atualmente 18,6% delas pelo menos iniciariam uma faculdade, enquanto o percentual de homens é de 12,1%.
Quando falamos em mulheres empreendendo nos parecem existir alguns desafios a mais. Historicamente, existe uma imagem perpetuada de que apenas homens podem ser bons nisso, sem contar as dezenas de atividades que acumulamos e que nos consomem em nosso dia a dia. Eu mesma já senti na pele situações em que um concorrente homem pareceu melhor ou que ao tentar fazer networking alguém confundiu os propósitos e tentou me “cantar”. A verdade é que minha geração foi menos incentivada a empreender e eu cresci ouvindo que o ideal era ter um emprego em alguma empresa e ponto final, precisei descobrir sozinha como poderia começar a empreender.
Dentre os principais pontos que nos afastam do empreendedorismo, estão:
- Medo: que se revela por meio da sensação de não ser capaz ou de não acreditar em suas ideias. Mesmo quando os primeiros obstáculos são superados, ele volta a existir de outras formas e até quando as mulheres atingem patamares mais altos, acabam pensando que poderiam ou deveriam estar mais presente em suas famílias.
- Culpa: empreender exige uma rotina puxada, na maioria dos casos. A imagem de que ser dono do próprio negócio é sinônimo de trabalhar menos é errada, pelo contrário, ao carregar um negócio nas costas as responsabilidades aumentam e é aí que a culpa começa a reinar na mente das mulheres, que se sentem divididas e dando muita atenção ao negócio, principalmente quando se tem filhos.
- Tomar decisões: as empreendedoras mulheres sentem mais dificuldades na hora de se concentrar e tomar uma decisão difícil, pois geralmente a habilidade de cuidar de todos é comum entre elas. Mas em alguns momentos é preciso agir de forma mais racional e traçar estratégias claras e eficientes em situações que envolvem soluções de problemas.
Outra pesquisa da Rede Mulher Empreendedora revelou dados sobre o perfil, desafios e perspectivas sob o olhar feminino nos negócios. Geralmente, sua motivação está ligada ao conhecimento do próprio segmento, ou seja, 28% decidiram entrar nele porque já trabalhavam como funcionária em uma empresa, gostava do ramo e decidiu abrir seu próprio negócio. Já outros 20% entraram no negócio após estudá-lo e observar oportunidade de mercado. A pesquisa revelou ainda que 48,3% tem dificuldade na divulgação e marketing, 36,7% no planejamento financeiro, 26,6% afirmou saber produzir mas não conseguir vender, 24,6% tem dificuldades em encontrar mão de obra, 21,1% dificuldades no acesso a crédito e 15,3% não tem local para vender seus produtos.
Mas uma coisa é certa nessa história, estamos crescendo no empreendedorismo e vamos levar nossa sensibilidade e toque feminino para criar negócios incríveis. A primeira coisa a se fazer é identificar um mercado, um nicho e essa escolha sempre estará atrelada ao seu conhecimento ou paixão sobre aquele negócio e vai envolver renúncias, entender quais são elas desde o início e como se planejar e planejar o negócio é vital para continuar. Empreender, seja homem ou mulher, não deve acontecer no susto, senão você corre o risco de investir tempo e dinheiro em algo que não existe demanda.
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